A FOSTA-SESTA, o fecho do Backpage e o futuro das Acompanhantes

Mais de 35% de todos os dados na Internet correspondem a Sexo
Mais de 35% de todos os dados na Internet correspondem a Sexo

Backpage.com – A Liberdade de expressão acima de tudo.

À luz dos mais recentes acontecimentos que estão presentemente a ocorrer nos EUA, a equipa técnica do CMS Escortera decidiu vir hoje tecer alguns comentários sobre o tema.

Antes de mais devemos reiterar veementemente que, na toda plenitude libertária que normalmente assiste aos Geeks mais profundos, somos totalmente contra quem nos corta a liberdade de expressão.

Ideologias e clivagens políticas à parte, não obstante a nossa equipa estar mais ou menos em sintonia em muitas matérias, afirmamos publicamente que somos todos contra práticas totalitaristas, proteccionistas ou conservadoras. Respeitamos opiniões contrárias. Dissemos.

Vamos lá começar. O que se está a passar?

O artigo 230 da “Communications Decency Act”

A Internet foi fundada sob o principio da livre liberdade de expressão e foi isso que a fez florescer comercialmente e de forma exponencial a partir de 1996.

Em 1996 saia para a rua o artigo 230 da  “The Communication Decency Act” nos EUA, artigo esse que regulava especificidades que a novidade da Internet começava a encetar.

Salvo algumas situações de âmbito criminal, foi estipulado nesse artigo 230  que os fornecedores de comunicações, onde se incluem os donos de páginas Web e serviços de alojamento de sites, nunca poderiam ser responsabilizados por conteúdos publicados pelos visitantes anónimos ou não anónimos que frequentariam os seus sites.

Não só porque seria humanamente impossível controlar todos os conteúdos publicados nas páginas, especialmente numa época em que os primeiros conceitos da Web 2.0 começavam a surgir (foruns de discussão, chats ao vivo,etc), mas também porque achou-se que os automatismos necessários para monitorizar os conteúdos seriam de uma envergadura tal, que só as grandes corporações os poderiam alguma vez almejar.

Assim e para bem do crescimento da Internet comercial, para bem da liberdade de expressão e especialmente para bem da uma concorrência mais justa, surgia o famoso artigo 230.

A explosão da pornografia, Sexo e culturas alternativas na Internet

A partir de 1996 e com o artigo 230, a Internet correu à velocidade da luz.

Entre alguns antigos media que se apressaram para a nova galinha dos ovos de ouro, mercados de transacções de artigos e o vulgar E-commerce, começaram então a proliferar milhares de sites com conteúdo pornográfico.

Sejamos francos, o anonimato e o conforto de acesso que a Internet oferecia aos seus utilizadores era impagável para que as grandes produtoras não se apressassem a invadir a Internet.  A Internet estava como pão para a boca para a indústria do Sexo.

Ao mesmo tempo que a indústria tradicional da pornografia (videos pornográficos) se lançava com afinco nessa nova auto estrada da informação, começavam a surgir muitos outros projectos relacionados com a indústria do sexo ou relacionados com temáticas adultas.

Sites pessoais amadores de actrizes pornográficas, Sites de webcams em tempo real com meninas a mostrarem os seus dotes fisicos, comunidades de discussão LGBT, todos surgiram nessa altura e os primeiros sites de encontros na Internet, mais especificamente para relacionamento sexual, começavam a dar os seus primeiros passos.

A mais antiga profissão do mundo, a prostituição, essa não ficou de fora. Nessa altura apareceram também os primeiros sites de classificados adultos e relax.  Foi o inicio também da proliferação dos sites das Acompanhantes e Escorts um pouco por todo o mundo.

O papel da indústria do Sexo nas tecnologias Internet

Génios da programação rapidamente foram trabalhar para a indústria do sexo e as melhores invenções tecnológicas Web e técnicas de social / web marketing que alguma vez foram inventadas na Internet e que hoje conhecemos, foram-no pelos jovens que abarcaram a indústria do sexo até à viragem para o novo milénio.

Muitas das invenções que hoje em dia vemos mediatizadas pelos colossos do social media, Facebook, Instagram, Youtube, Snapchat, entre tantos, foram descobertas e extensivamente usadas (e o ainda o são hoje)  pelas indústrias do entretenimento adulto.

Os algoritmos avançados de compressão de vídeo streaming foram inventados pela indústria pornográfica.

As transmissões de webcam que vemos hoje em dia no Periscope ou no Youtube, já há mais de 20 anos existem na Internet dos adultos.

As primeiras redes sociais e partilha de contactos apareceram na indústria adulta muito antes de qualquer MySpace ou Facebook.

As técnicas de afiliação e vendas comissionistas apareceram primeiro nos sites pornográficos ou de âmbito adulto, muito antes de aparecerem na Amazon quando esta ainda só vendia livros online.

Com a chegada dos fundos de investimento e do grande capital de risco à Internet, estes historicamente avessos à indústria do Sexo, aos riscos e ética moral que essa indústria acarreta, muito dinheiro começou a ser lançado em novos projectos “mainstream”, ou seja, projectos fora da área de adultos.

Com a chegada destes, muitos programadores e génios informáticos de topo abandonaram a Indústria do sexo e dos Sites Adultos, contudo as suas invenções ficaram para a posteridade e são hoje em dia usadas por centenas de milhões de pessoas todos os dias.

A escalada dos sites de Classificados de Convivio e de Acompanhantes

Entrando no novo milénio, a indústria do sexo na Internet jorrava saúde e com ela começavam pouco a pouco a aparecer os primeiros unicórnios na Indústria dos classificados adultos e acompanhantes, nicho esse que até então tinha actuado num mercado altamente capilarizado e muito fragmentado.

Nos EUA por exemplo,  o rei dos anúncios de classificados de acompanhantes era o Craigslist.com e assim o foi até cerca de 2010, ano em que sob imensa pressão mediática e política, foi obrigado a suspender a área de “Escorts e Acompanhantes”.

Na altura foram várias as vozes que surgiram alegando que seria o principio do fim da liberdade de expressão na Internet, mas achou-se que uns poucos casos de violação e outros crimes cometidos supostamente por contactos iniciados através do Craigslist, justificariam o fim dessa categoria de serviços no mesmo.

Claro que muitas das prostitutas, massagistas e acompanhantes de luxo rapidamente se mexeram publicando os seus anúncios em outras categorias do Craigslist, nomeadamente na categoria de Dating, os vulgares encontros e namoro.

Contudo as reservas e a moderação a esses anúncios intensificaram-se por parte do staff do Craigslist, o que levou à progressiva debandada do Craigslist por parte de muitos anunciantes adultos, ávidos de novos sites onde pudessem promover e divulgar os seus serviços.

O mercado dos classificados de sexo voltou a estar fracturado nos EUA e muitos adultos dispersaram-se por centenas de sites, mas apenas por poucos meses….

O surgimento do Backpage.com – O novo Rei dos Classificados adultos.

Por volta do ano de 2004 surgia o Backpage.com, apontado inicialmente como um rival do Craigslist e que também actuava no mercado vertical dos classificados horizontais.

Será importante clarificar o caro leitor do Blog Escortera sobre o que significam os conceitos Vertical e horizontal quando falamos de mercados Internet.

Um nicho ou mercado horizontal em Internet é consensualmente aceite como um site que possui várias categorias ou segmentos informativos. Um exemplo será um portal tipo o Sapo.pt ou um Yahoo.com, com os seus serviços de noticias temáticas, serviços de Email, Blogs e outros.

Já um vertical em Internet significa que o site aponta para uma determinada categoria de serviços em especifico.

Ora, na indústria dos classificados e dos anúncios online há os verticais e horizontais.

Um exemplo de um site de anúncios classificados Vertical é o Escortera.com, pois só lida com a publicitação de anuncios de profissionais do sexo independentes.

um exemplo de um site de classificados horizontal poderá ser um OLX.pt, pois o mesmo compreende uma série de categorias diferentes de anúncios, que poderão abranger toda a área automóvel, a venda de artigos de tecnologia e acabar nas áreas de anúncios de encontros ( de carácter não sexual).

Retomando o assunto do Backpage.com, este era (e sempre foi) um portal de classificados do estilo “horizontal”, muito secundário enquanto o Craigslist reinou com os anúncios de acompanhantes, contudo quando o Craisglist foi forçado sob pressão a fechar as àreas adultas em 2010, rapidamente o Backpage se tornou o destino de muitas pessoas da indústria do sexo.

Em 2011 já era o segundo site de classificados mais visitado nos EUA logo atrás do Craigslist, muito à conta do florescimento das áreas de anúncios destinados aos Acompanhantes de luxo, massagistas, strippers e outros quejandos.

Um Backpage.com Renascido e com mais força

O negócio corria de vento em popa e estima-se que já em 2011 a facturação anual do Backpage seria na ordem dos vários milhões de dólares anuais, sendo que 90% destes seriam à conta da venda de anúncios adultos.

Não obstante ser um negócio altamente lucrativo, os donos do Backpage.com,  a norte americana dona de vários títulos de imprensa alternativos “Village Voice People“, talvez prevendo problemas futuros do mesmo âmbito que o Craigslist tinha tido anos antes, decidiu vender em 2014 todas as suas participações a uma nova empresa encabeçada por ex-executivos da “Village Voice People”  com Carl Ferrer, fundador do Backpage, à cabeça da nova empresa.

Carl Ferrer, através de várias empresas participadas e sub participadas por uma holding sediada na Holanda, começou a gerir o Backpage.com com o propósito especifico de expandir as vendas do que começava a ser o seu nicho principal, a venda de anúncios às acompanhantes de luxo e serviços de prostituição em geral.

Dos cerca de 6 milhões de dólares reportados de facturação no ano de 2011, Carl Ferrer construiu um mega mastodonte de classificados online , maioritariamente de anúncios de prostituição, capaz de gerar receitas na ordem dos 500 milhões de dolares anuais. Alguns argumentam que foram 500 milhões acumulados e não anuais, mas temos por fonte segura que seriam valores anualizados.

Várias fontes mencionam que os valores em finais de 2017 chegavam a ser bem superiores aos cerca de 500 milhões reportados. Para se ter uma ideia da dimensão do negócio, há indicações de que entre 2013 e 2015 e somente para o estado da Califórnia nos EUA , o

Backpage tinha conseguido vendas acumuladas em torno dos mais de 50 milhões de dólares Ler mais